Cuidar dos mais frágeis
Muitas pessoas, por muitas razões, se perdem ao longo da vida. Não conseguem equilibrar sua vida pessoal e profissional, têm dificuldades emocionais sérias e persistentes. São pessoas que não produzem o esperado, que perdem prazos, que passam tempos fora de circulação, que podem tornar-se agressivos. E vão ficando pelo caminho, normalmente com os problemas ainda mais agravados pela solidão, pelo abandono e por recorrer a paliativos como o álcool e outras drogas, que cada vez resolvem menos, mas das quais fica mais difícil livrar-se.
Quantas mais dificuldades uma pessoa sente, mais difícil costuma ser o ter força para superá-las. A sociedade privilegia os favorecidos econômica, intelectual e emocionalmente e esquece os marginalizados, os que têm problemas, os que estão fora da normalidade. Há inúmeros marginalizados economicamente: os pobres, os desempregados, os que não têm estudo. Os marginalizados se tornam um peso. Por isso ficam à margem, ficam desamparados, abandonados a sua sorte em subempregos, na economia informal, na mendicância.
A maior parte de nós esquece os deficientes, físicos e mentais. Pessoas com deficiência não são produtivas e a sua vida se torna muito mais complicada em todos os sentidos, apesar do apoio de algumas instituições.
Ao privilegiar tanto o indivíduo produtivo, ao destacar sempre os vencedores, os belos, os melhores, agrava-se ainda mais a falta de valor dos que por algum motivo já se sentem sem valor. A comparação com os bem sucedidos aumenta a sensação de fracasso e abandono.
As soluções não são simples nem fáceis. Há toda uma rede de organizações públicas e privadas que atendem a diferentes deficiências. É importante dedicar-lhes algum tempo, dar-lhes apoio, conhecê-las. Podemos prestar mais atenção às pessoas que convivem ao nosso lado e que apresentam algumas dificuldades. Observá-las, dar alguma atenção, uma palavra, um gesto carinhoso é um passo inicial de acolhimento que pode ajudar. Cumprimentar o varredor de rua, a faxineira, o segurança não custa muito e pode ter um efeito muito maior do que pensamos. É importante desenvolver atitudes acolhedoras e de cuidado para perceber mais profundamente e cuidar de forma mais atenta, contínua e organizada.
Estamos acostumados a jogar para o Estado a solução dos problemas insolúveis, as múltiplas exclusões sociais. A organização e participação comunitárias para enfrentar os problemas ao nosso redor nos ajudam a revigorar nossas vidas em muitas dimensões. Manter tantas pessoas marginalizadas, esquecidas, desprotegidas nos faz pagar um preço pesado em subdesenvolvimento, atraso, dificuldades em avançar como sociedade e como pessoas.
José Manoel Moran
Fonte: http://moran10.blogspot.com/
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